Acadêmico
Após a dissipação de sua orquestra, o violoncelista Daigo Kobayashi, recebe uma proposta de trabalho na função de "nokanshi", na tradição japonesa, um costume antes dado aos familiares, mas atualmente, feito por um profissional que desempenha o preparo do corpo para resignificar a morte daquele ente querido que partiu, a limpeza, indumento e preparação meticulosa para o sepultamento do falecido, sendo assim uma dialética entre a tradição milenar e metafísica de uma cosmovisão clássica e a modernidade materialista.
Kobayashi adquire assim uma percepção que não tinha sobre a morte. Seu trabalho, não domina só seus pensamentos mas também sua vida. Pois pela simples ação de se preparar corpos sugere, por exemplo uma crença numa continuidade após a morte, sendo essa "partida" e passagem, uma possibilidade de reencontro. Com a morte de uma pessoa querida por todos, ele consegue romper com o preconceito de seus entes queridos e fortuitamente passa a ser admirado e respeitado pelos mesmos, pois percebe quão importante é seu trabalho para as pessoas neste momento triste ao ponto de alterar as relações humanas dos entes que ficaram. Nesta posição ele passa a trabalhar e conviver diariamente com a situações que, no começo lhe são desconfortáveis. Mas, através desse ritual muito significativo para os familiares e amigos do individuo que partiu, a morte abandona o sentido simplista, para um sentido transcendental, uma espécie de rito de passagem onde há purificação e encaminhamento a próxima vida, passando a ser uma lembrança positiva e reconfortante do individuo. O trabalho de um "nokanshi" dá a beleza de que era em vida, deixa-o com melhor aparência possível para que sua partida deste mundo seja digna de lembrança, para que seu último adeus seja belo. Através do comportamento dos indivíduos presentes no ritual, nota-se a relação da família com o morto em preparação, se revela, seja como um adeus lamentador e de grande