O livro se passa em torno do personagem Domenico Scandella, conhecido como Menocchio por volta do século XVI. Retratando a vida deste moleiro de Montereale, região do Friuli, Itália. Este se dedicava quase exclusivamente ao sustento de sua esposa e filhos. Contudo, a particularidade de saber ler e escrever (coisa incomum à sociedade camponesa da época) lhe dava acesso ao mundo da literatura.Um homem quase comum, pois, se não fosse por suas ideias reformistas e cosmológicas, a partir de sua interpretação dos textos bíblicos e outros documentos que ele afirma ter usado para formular sua teoria. O questionamento de muitos dogmas religiosos como o batismo, a crisma, virgindade de Maria (dizendo que ela fora forjada), o casamento, a confissão, a adoração de imagens tidas como sagradas e a forma ousada com que discutia e explanava suas ideias o levou duas vezes ao Tribunal de Inquisição do Santo Ofício. Claramente tido como herege, em uma Igreja que não permitia nenhuma dúvida. Este, era nocivo à sua influencia em uma Europa controlada pelo clero, principalmente pelas duras críticas a riqueza que a Igreja possuía e esta dava poder ao clero através do domínio e do controle de parte das terras férteis da Europa. O autor mostra a preocupação constante dos inquisidores sobre como seria possível um moleiro ter formulado tantas ideias. Sempre pairava suspeitas de que ele não houvesse criado tais teorias (como afirmava fervorosamente) mas que estava sendo um mero repetidor e que por trás de suas palavras havia uma grande conspiração. Como ideias tão ousadas poderiam ter sido elaboradas por um simples e pobre moleiro? "Tudo o que vemos até agora demonstra que Menocchio não reproduzia simplesmente opiniões e teses dos outros. Seu modo de lidar com os livros, suas afirmações deformadas e trabalhosas são sem duvida sinais de uma elaboração original.” (p.101). Percebe-se então que o autor trata o moleiro como personagem singular, e não como representativo de