Resenha do Filme Giordano Bruno
Giordano, apesar de ter recebido educação dominicana, discorda das verdades e dogmas da Igreja Católica e abandona a vida clerical, passando a vagar pelo mundo ensinando filosofia e a arte da memória.
Não se fala muito sobre esse ponto durante o filme, mas Giordano foi um dos maiores pensadores de Esquerda de sua época, assumindo voz por suas publicações frente ao poder quase absoluto da Igreja no século XVI.
Talvez pela complexidade de suas idéias que são mostradas vagamente pelo filme, na maioria das vezes por meio de flashes em que se encontra sempre em situações confusas entre reuniões com autoridades de alto-escalão de alguns territórios e bebedeiras com simples trabalhadores de cidades comuns.
No filme, alguns traços históricos são determinados de forma muito interessante, como as diferenças entre a República de Veneza e Roma, centro do poder do clero. A autoridade do Papa era reconhecida por todos os reinos pelos quais perpassavam e eram dominados pela igreja católica, mas controlava administrativamente apenas o centro da península itálica, mesmo que a Igreja Católica fosse uma das bases de várias monarquias européias. Quando o senado veneziano vota em favor da extradição de Giordano Bruno, fica evidenciado o enfraquecimento da autonomia de Veneza, que, no século XVI, já estava em decadência como as outras cidades mercantes do Mediterrâneo, a ponto de o senado decidir conforme fosse mais conveniente para suas relações com a Santa Sé.
Por mais interessante que seja essa produção cinematográfica, ela não pode ser considerada uma obra de extrema importância (apenas para estudantes de Direito), pois há uma excessiva necessidade de colocar melodramaticamente a maioria das citações, e em todas as cenas é posta alguma frase de efeito, tornando mais teatral do que