Desemprego e interação social
Ana Heloísa da Costa Lemos
1. INTRODUÇÃO
As transformações do mercado de trabalho engendradas pelo atual processo de reestruturação produtiva trazem para a ordem do dia a preocupação com a integração da sociedade. O tema presente na obra de Durkheim volta a assumir importância na medida em que o crescimento recente dos índices de desemprego ameaça pôr em xeque a capacidade do mercado de trabalho em continuar a ser o principal fator de integração social.
A temática da integração ressurge tornando atuais categorias utilizadas por Durkheim há quase um século atrás. A atualidade desta questão vem à tona quando se observa que, no encaminhamento da formulação das estratégias de combate ao desemprego na União Européia, o foco da discussão não é o remediamento de crises pontuais de emprego, mas - conforme os termos do primeiro-ministro britânico Tony Blair - criar "maior coesão social". (Gazeta Mercantil, 20/03/00)
Se, por um lado a concorrência, a produtividade e competitividade não perdem espaço nos debates dos atuais líderes europeus, por outro o tema da integração e da coesão aparecem como necessidades tão prementes quanto as demais. Não é por acaso que as discussões da reunião de cúpula dos governos da União Européia, realizadas em março deste ano, trataram da "política do pleno emprego e da questão de uma maior solidariedade". (Gazeta Mercantil, 20/03/00). Sendo assim, o desafio que se coloca para as economias européias, no dizer de Anna Diamatopoulou, comissária européia para o trabalho, é de "combinar competitividade e coesão". (Gazeta Mercantil, 20/03/00).
Apesar de atual, esta preocupação não aparece de forma homogênea nos países industrializados. Se a ameaça de desintegração paira sobre a maior parte dessas economias como uma possível conseqüência do desemprego acarretado pela reestruturação produtiva, é no continente europeu que a questão