RESENHA DO CAPÍTULO TEMPO E CLASSE DO LIVRO GLOBALIZAÇÃO DE BAUMAN
Hoje, a denominada globalização (atual termo para designar o antigo processo de colonização) integra as pessoas e nações ao mesmo tempo que exclui, já que as pessoas que não acompanham (ou consomem) os novos produtos, serviços ou padrões de vidas globais são consideradas atrasadas, apresentando, assim, um risco para a economia. Segundo Albert Dunlap (apud BAUMAN, 1999, p. 13), as empresas pertencem aos seus donos ou investidores, e não aos seus empregados ou as localidades na qual elas estão situadas. Nesse sentido, cabe aos seus donos ou acionistas decidir em qual localidade está empresa poderá obter mais lucro, já aos empregados cabe somente à execução de suas obrigações, ou melhor, cabe a eles “a tarefa de lamber as feridas, de consertar os danos e se livrar do lixo” (BAUMAN, 1999, p. 15). Nesse cenário, as distâncias já não importam mais (apenas para quem tem acesso às tecnologias de locomoção ou comunicação), sendo elas medidas a partir da capacidade de serem vencidas. Com isso, até os termos “longe”, “perto” ou “aqui” ganham uma nova significação, já que não dependem, necessariamente, das medidas do território, mas da capacidade de se ter acesso aos diversos lugares do mundo (de forma presencial ou virtual). Nesta dimensão simbólica, estar “longe” significa está com problemas e estar “perto” representa um espaço acessível no qual a pessoa se sente a vontade ou habituado. Vivemos, atualmente, um processo de privatização de espaços públicos. O espaço urbano transforma-se num campo de batalha, onde os desprezados (por não terem condições de acompanhar as tendências globais) são empurrados cada vez mais para espaços marginalizados. Contudo, a submissão a este processo não se apresenta como a melhor “saída“, mas sim a resistência e a capacidade de filtrar e avaliar as “mensagens” que vem de fora, para que realize rupturas neste processo.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências