Resenha A cultura no mundo líquido moderno
BAUMAN, Zygmunt (2013). Rio de Janeiro: Zahar Editores
Em seu livro A cultura no mundo líquido moderno, Zygmunt Bauman faz um eficaz complemento do conceito de liquidez moderna, agora olhando para a cultura e para o mundo da arte, demonstrando que não é apenas no sujeito e em sua subjetividade que as coisas andam cada vez mais fluidas e indistintas. Recorda os deslocamentos históricos sobre o conceito de cultura e analisa sua significação no atual contexto social, provocado pela globalização, migração e coexistência conflituosa de populações.
O livro “A cultura no mundo liquido moderno” é divido em seis capítulos, totalizando 109 paginas. No primeiro capitulo intitulado “Apontamentos sobre as Peregrinações Históricas” Zygmunt Bauman comenta sobre um estudo, liderado pelo sociólogo de Oxford John Goldthorpe, no qual relata que mediante a hierarquia da cultura, não se pode mais estabelecer uma distinção entre a elite cultural e aqueles que estão abaixo dela, visto que, diferentemente de outrora, as diversas manifestações culturais que eram tidas como exclusivas de determinados segmentos sociais, atualmente permeiam em todas as esferas sociais.
No decorrer do capítulo, o autor expõe algumas ideias do sociólogo Pierre Bourdieu, este que declara que em algumas décadas atrás, as contribuições artísticas eram direcionadas a uma classe social específica sendo produzida e aceita somente por aquela classe, fortalecendo legivelmente as divisões existentes entre as classes. Havia uma diferenciação entre os gostos de cada classe, sendo que os gostos das elites estavam relacionados à “alta cultura” e classe baixa ao “gosto vulgar” e misturar esses gostos seria uma tarefa quase impossível. Contudo, percebe-se que ao passar dos tempos os conceitos vão mudando, e as pessoas, definidas por Bauman como “unívoras”, que selecionavam tudo o que consumiam, passaram a ser “onívoras”, que consome tudo. Ou seja, as pessoas passaram a se identificar com diversas formas de