Resenha crítica a corporação

Com uma didática eficaz e um ritmo intenso, "A Corporação" (The Corporation, 2003, dos diretores Jennifer Abbott e Mark Achbar) pode não mudar o mundo, mas sua produção bem feita e o roteiro eloqüente deixam uma forte mensagem que faz o espectador refletir. Como exposto no documentário, as organizações corporativas comerciais começaram a ganhar força depois da decisão legal americana, no final do século 18, de torná-las uma entidade social. Isso é, para a Lei, uma corporação é um indivíduo com direitos e deveres e representação legal garantida. O documentário, durante seus 144 minutos, traça com clareza um perfil psicológico das pessoas que compõem a corporação. A fim de, como um todo, explicar os atos muitas vezes insensíveis que as mesmas tomam na sua busca pelo lucro. Sem muita dificuldade, com uma montagem que perambula por relatos irônicos, controversos e algumas vezes contraditórios, pode-se perceber que as corporações têm vida social ativa. O filme tenta, a todo momento, mostrar que os objetivos desse "ser social" definem a forma como o mesmo vive. Sendo assim, a busca pelo crescente e constante lucro da empresa definem as decisões e reações que a corporação deve tomar como um todo, independente da opinião particular de cada integrante da mesma. Isso fica bem claro, por exemplo, na cena em que uma grande empresa é acusada por um grupo de protestantes mas o diretor da empresa recebe o grupo, em sua casa, com muita calma e até demonstra ser defensor de algumas idéias propostas pelos protestantes. O estudo erguido pelo documentário logo nos faz concluir o quão destrutivo podem ser as atitudes psicopatas das grandes corporações. Afinal, elas não têm um perfil humano. Agem apenas pelas leis do comércio, em busca de um fim ambicioso, custe o que custar. Em contraponto, o filme também exibe como a sociedade pode reagir em meio à essas entidades genericamente maléficas. E, dessa forma, o espectador pode se situar como parte integrante de um movimento contra