Resenha Crítica do documentário "A Corporação"

Resenha crítica do documentário “A Corporação”
Uma simples definição de capitalismo nos diz que ele é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos. Entretanto, uma economia capitalista pode se organizar de várias maneiras. Desde uma economia de mercado, regulada apenas pela famosa “mão invisível” de Adam Smith até um Estado de bem-estar social, em que a economia sofre bastante intervenção estatal. No documentário “A Corporação”, o tema sobre o ganho de força das empresas em relação ao Estado é criticamente tratado, e nos faz pensar se em um país onde a economia é totalmente desregulamentada pode haver plena democracia.
Essa reflexão deve ser feita, uma vez que corporações visam apenas interesses privados, somente lucros, e isso contrasta com o Estado, que tem por finalidade principal atingir o bem comum. Ao criticar o poder das corporações, que se dá pela falta de regulamentação sobre as mesmas, o documentário lançado em 2003 parecia prever a crise financeira que atingiu os EUA menos de cinco anos depois.
As corporações não visam o enriquecimento de todos e o bem comum, não possuem ética, não se preocupam com o meio ambiente ou com a maneira pela qual conseguirão aumentar seus lucros. O documentário nos mostra que criar produtos químicos que causam câncer, maltratar animais, devastar florestas, emitir gases poluentes ou patentear qualquer ser vivo que não seja um humano, são formas válidas para se ganhar dinheiro. Como diria Michael J. Sandel: “fomos resvalando de ter uma economia de mercado para a de ser uma sociedade de mercado”. E isso é muito perigoso.
Quando se chega ao ponto em que uma costureira de El Salvador recebe U$ 0,74 por uma jaqueta que é vendida no varejo por U$178, passa a ficar difícil negar a existência da mais-valia de Marx, assim como das consequências negativas de um capitalismo moderno e globalizado tão distante de normas sociais e legais. Globalizado ao ponto em que