Resenha Cemitério dos vivos
O cemitério dos Vivos, de Lima Barreto é uma leitura densa, mas muito interessante, a qual me faz recordar de inúmeros debates e questões discutidas em aula. O discurso de alguém que viveu dentro de um manicômio é impressionante e muito deprimente, pois, como ele narra minuciosamente, quem se encontra ali é considerado um mendigo sem eira nem beira, ou seja, uma pessoa menosprezada, sendo um desclassificado, onde o hospício é a reunião dos mais terríveis males que uma pessoa humana pode reunir, a loucura é vista como miséria, pela incapacidade para o trabalho e pela impossibilidade de integrar-se no grupo dos “normais”. No livro, a narrativa em forma de um quase diário nos revela as desventuras de Vicente Mascarenhas, funcionário do estado, escritor e amante de grandes obras literárias, sobretudo um homem cheio de dúvidas, traumas e frustrações com a morte da esposa, uma sogra descrita por ele como uma louca e um filho fatalmente analfabeto, uma vida infeliz sem esperança que o conduz à depressão, ao alcoolismo e, finalmente, ao internamento. Foi internado duas vezes no manicômio, em ambas por alcoolismo crônico, com delírios e alucinações. Na primeira vez foi levado pela polícia, onde ele descreve que todo louco é tratado como furioso e que necessita ser contido através da força e ser levado em carro blindado. Ainda após a reforma psiquiátrica, existem algumas exceções em que não há comunicação entre as pessoas envolvidas ou um suporte de apoio adequado às redes, os “loucos” são contidos e levados pela polícia, a qual, não tem nenhum preparo específico para lidar com pessoas nessas condições. Após a segunda internação, no dia 25 de dezembro resolveu registrar suas experiências relatando os sentimentos, pensamentos de uma vida aniquilada ao hospício. Os trechos onde ele descreve o grande número de pessoas que ali se encontram em que o hospício está superlotado e não existem dependências adequadas para tantos doentes, que foi