Cemit Rio Dos Vivos
SOCIOLOGIAS
RESENHA
DOSSIÊ
Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 13, jan/jun 2005, p. 338-345
Cemitério dos vivos: análise sociológica de uma prisão de mulheres
LEMGRUBER, Julita. 2.ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999.
LUIZ ANTÔNIO BOGO CHIES *
Resultado de uma intensa pesquisa teórica e de campo – esta desenvolvida entre os anos de 1976 e 1978 no Instituto Penal Talavera Bruce, Rio de Janeiro –, que compôs o Mestrado em Sociologia de Julita Lemgruber junto ao IUPERJ (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), a obra “Cemitério dos vivos: análise sociológica de uma prisão de mulheres”, continua hoje tão atual quanto na época de sua 1ª edição (1983, editora
Achiamé).
Neste sentido, sua própria autora comenta, no prefácio à 2ª edição, que as mudanças ocorridas na instituição entre os anos de 1976 e 1997 foram todas conjunturais; em sua estrutura, em essência, a instituição permanece a mesma... ao que podemos agregar que os antagonismos, paradoxos e as perversidades das práticas e dinâmicas sociais e jurídico-penitenciárias igualmente pouco se alteraram (talvez se tenham somente sofisticado, haja vista a recente aprovação da lei n.º 10.792/03, que altera dispositivos da Lei de Execução Penal, e institui o Regime Disciplinar Diferenciado).
Também o que pouco mudou nesse período foi o caráter esquálido da bibliografia existente sobre o sistema penitenciário no Brasil, como registra o comentário de Dorrit Harazim (presente na contracapa desta 2ª edição), ao que complementa, com igual perspicácia, que “o livro de Julita
Lemgruber continua abrindo portas, arrancando o tema de sua clandestinidade”, sendo, pois, “mais atual do que nunca”.
* Professor Ajunto da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), responsável pela disciplina de Sociologia Jurídica. Doutor em
Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidad del Museo Social Argentino (UMSA – Buenos Aires, Argentina). Doutorando em
Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).