RESENHA CAMPO
A música de Gilvan Santos “Educação do Campo é Direito e não Esmola” poderia muito bem servir como hino a ser bradado pelos estudantes de todas as escolas do campo. Isto porque retrata, dentro de seus singelos acordes e de uma melodia simples, a riqueza inestimável que é a relação entre os povos do campo e a terra. Relação esta que deve, consequentemente, se refletir nas instituições escolares de tais comunidades.
A canção reforça a importância de se conceder cidadania aos sujeitos do campo, e isto passa, obrigatoriamente, pela questão de valorizar suas culturas, suas identidades, seus saberes e crenças. Também deixa evidente a crítica às políticas educacionais preocupadas apenas com números e disseminadoras da cultura urbanocêntrica, apontando a direção a ser seguida para que o ensino em tais instituições seja realmente significativo.
Este mais puro fruto da arte popular reforça e valida aquilo que postulam os documentos que direcionam a Educação em comunidades rurais no Brasil: a escola deve atender às expectativas de seus alunos, partir de seus contextos e ampliar os horizontes de expectativas de seus sujeitos.
Particularmente no que diz respeito às escolas do campo, é de grande valia contar com as relações de afetividade e solidariedade que os sujeitos ainda sustentam e tão paradoxal que ainda existam diante de uma sociedade majoritariamente egocêntrica e individualista. Os alunos do meio rural aprendem com seus pares, partilham saberes (científicos ou não), constroem soluções e, portanto, não se agradam de práticas tradicionais pautadas na mera exposição de conteúdos e aplicação de questionários.
O ambiente em que vivem, em que agem, em que se constituem sujeitos lhes interessa. Resolver problemas reais a partir do conhecimento ofertado em sala de aula, lhes aguça os sentidos. Tão incoerente quanto retirar o aluno do campo para