Um Psicologo no campo de concentração - Resenha
Um psicólogo no Campo de Concentração
História de um campo de concentração , visto de dentro, contada por um dos seus sobreviventes. Um prisioneiro comum e desconhecido.
Um não conhecedor sem nunca estar num campo de concentração geralmente tem uma ideia errada da situação. Imagina a vida de um modo sentimental, não tem a menor ideia da feroz luta pela existência mesmo entre os próprios prisioneiros e nos campos menores. É violenta a luta pelo pão de cada dia e pela preservação e salvação da vida. O prisioneiro não tem tempo nem disposição para se demorar em reflexões abstratas e morais. Cada qual só pensa em salvar a sua vida para os seus, que por ele esperam em casa, e preservar aqueles aos quais se sente ligado de alguma forma no campo de concentração. Por isso não hesitará em dar um jeito de incluir outra pessoa, outro numero no transporte. Existiam prisioneiros que viviam anos a fio em campos de concentração e eram transferidos de um para outro, passando às vezes por dezenas deles. Dentre eles,em geral, somente conseguiam manter-se com vida aqueles que não tinham escrúpulos nessa luta pela preservação da vida e que não hesitavam em usar métodos violentos ou mesmo em trair amigos. Todos nós que escapamos com vida por milhares e milhares de felizes coincidências ou milagres divinos - seja lá como quisermos chamá-los - sabemos e podemos dizer, sem hesitação, que os melhores não voltaram.
Relato do prisioneiro n º 119104
A primeira fase se caracteriza pelo que se poderia chamar de choque de recepção.É preciso lembrar que o efeito de choque psicológico pode preceder à recepção formal, dependendo das circunstâncias. Todos achávamos que o transporte se dirigia para alguma fábrica de armamento onde nos usariam para trabalhos forçados. O trem avança lentamente, como que hesitando, como se quisesse dar aos poucos a má notícia a sua desgraçada carga humana: "Auschwitz". Agora a visão já está melhor:a aurora já permite ver a silhueta de um campo