Reflexões sobre a Industrial Cultural
Nildo Viana
Texto 2: Uma Necessária Compreensão da Poética Para a Sobrevivência da Arte
Felipe Valoz A indústria cultural está presente na vida cotidiana da população e exerce uma forte influencia sobre ela. O seu caráter manipulador (e conservador) já foi denunciado inúmeras vezes. A visão ingênua da indústria cultural que a julga uma manifestação dos interesses do conjunto da sociedade, um produto dela e, por isso, um meio de comunicação que exerce uma ação benéfica sobre a população, reproduzindo o que ela quer ver, não se sustenta desde o surgimento das várias análises sobre a indústria cultural a partir da obra clássica de Adorno e Horkheimer (1986). Iremos, no presente texto, buscar analisar a concepção de indústria cultural no sentido de perceber suas contradições, indo além da percepção de seu papel conservador e manipulador.
Uns dizem que a indústria cultural é expressão da dominação burguesa e da alienação. Ela tira das “classes subalternas” a possibilidade de elaborarem uma cultura própria e crítica, pois a comunicação de massas é uma “rua de mão única” onde fora os números do ibope não existe nenhuma atuação do público sobre os meios de comunicação (Numeriano, 1990).
Esta interpretação da indústria cultural tem sua origem nas análises clássicas de Adorno e Horkheimer. Para estes representantes da Escola de Frankfurt, a indústria cultural nega aos consumidores aquilo que lhe promete. Ela é uma fábrica de ilusões e de consumo superficial (Adorno & Horkheimer, 1986; Jay, 1988). Estes autores, os primeiros a utilizar o termo “indústria cultural”, fazem uma severa crítica a ela. Segundo Adorno, “a indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores” (Adorno, 1977, p. 287).
O lucro e a lógica da produção capitalista realizam a mercantilização da arte e da cultura, produzindo “mercadorias culturais”:
“As mercadorias culturais da indústria se orientam, como dissertam