Recursos para a produção do sentido: coerência e argumentação
Coerência
Enquanto a coesão se refere à articulação dos elementos linguísticos presentes no texto, a coerência diz respeito às relações de sentido. Há coerência quando o texto não apresenta sentidos contraditórios, permitindo a atribuição de um sentido unitário ao texto. Observemos o seguinte exemplo: “A greve é um direito sagrado do trabalhador. Ela é um instrumento legítimo com que este conta para fazer valer seus direitos. Porém, quando a greve prejudica outros segmentos da população, não deve ser tolerada, pois não é justo que inocentes paguem por desmandos de patrões e empregados”. Nesse parágrafo, observamos que o autor defende incondicionalmente a greve, num primeiro momento, afirmando que ela é um direito legítimo do trabalhador e chegando ao exagero mesmo de afirmar que se trata de um direito sagrado; no entanto, logo a seguir passa a dizer que ela só pode ser tolerada se não prejudicar ninguém. Ora, sabemos que a greve é uma forma de pressão, de coerção. Se ela não prejudicar ninguém, não terá o mínimo efeito. O autor, ao fim e ao cabo, afirma que a greve só é legítima quando não tiver nenhuma força de pressão, isto é, quando perder sua essência. Ambas as idéias, portanto, estão em contradição, resultando em uma posição incoerente, falsa ou tendenciosa. A coerência se dá tanto no âmbito intratextual como extratextual. No primeiro, a coerência consiste na ausência de contradição entre os enunciados do texto; no segundo, a coerência diz respeito à ausência de contradição entre as idéias do texto e as idéias aceitas consensualmente como verdadeiras. Por exemplo, no enunciado “Passamos o verão no litoral de Minas Gerais”, observa-se uma incoerência, porque afirma uma inverdade sobre a situação geográfica desse estado.
Argumentação
O ato discursivo é uma forma de ação sobre o interlocutor ao qual se dirige. Uma vez que, ao produzir um texto, sempre temos uma intenção, entende-se que