Raimundo Faoro
Os donos do poder – Formação do patronato político brasileiro.
1- A administração e o cargo publico
O autor inicia por afirmar que “fazenda, guerra e justiça são as funções dos reis no século VXI, funções que se expandem e se enleiam no controle e aproveitamento da vida econômica”. E é por esta via que se observa a base que constitui os traços gerais da vida na colônia portuguesa. O Brasil proporcionava ao império terra em abundância, terra esta a ser apropriada e aproveitada por meio de cargos e nomeações publicas, títulos que possibilitavam aos indivíduos agirem como homens da lei, em nome do rei. “O patrimônio do soberano se converte, gradativamente, no Estado, gerido por um estamento, cada vez mais burocrático”. Essa burocracia se faz por meio do agente publico (o agente com investidura e regimento, e o agente por delegação) e o funcionário que por meio de salário age em nome do rei. Desta forma, o senhor de tudo, “das atribuições e das incumbências é o rei – o funcionário será apenas a sombra do real”. Enquanto o funcionário é retribuído por meio de “salário”, o agente desfruta de vantagens indiretas, com títulos, que compensam a gratuidade formal, o que por sua vez, representa o despotismo de uma aristocracia arbitrária, consoante aos desígnios do rei. Essa estrutura burocrática será a mesma que promoverá os vícios das relações impessoais entre o publico e o privado, tal como as corrupções e as nomeações de cargos que representam vantagens e poder. Enquanto o povo, “desfazia-se em imposições e mais imposições, em donativos e mais donativos, em esmolas e mais esmolas”, a escassez econômica era consequência de uma disparidade desigual por onde passava o dinheiro. “O dinheiro não passava das mãos onde passava”. A função publica é o instrumento regalista da classe dominante. Ela congrega, reúne e domina a economia, que forma um patriciado administrativo. “O