REALIDADE SOCIO,POLITICA, ECONOMICA BRAS
CAPÍTULO 1
Os donos do Brasil
Deitou-se remendo de pano novo em vestido velho, vinho novo em odres velhos, sem que o vestido se rompesse nem que o odre rebentasse.
Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003476122009000600006
A frase acima foi escrita há cerca de cinqüenta anos, na primeira edição do livro Os donos do poder (1958), do jurista e sociólogo gaúcho Raimundo Faoro. Este livro, escrito em um intervalo democrático da nossa história, entre as ditaduras do
Estado Novo (1937-1945) e do Regime Militar (1964-1985), traz uma das mais importantes interpretações sobre a estrutura do poder político no Brasil.
Faoro, que não era historiador, estava
mais preocupado com as
permanências do que com as transformações ocorridas no tempo. Viu, por isto, uma continuidade entre a estrutura de poder em Portugal na Idade Média e o Brasil de sua época. Estado centralizado há mais de oitocentos anos, Portugal teria consolidado no poder uma classe de burocratas, que se apropriou e se consolidou no poder.
Haveria, portanto, tanto no governo português quanto no governo instalado no
Brasil durante a colônia, uma forte centralização. A instalação das Capitanias
Hereditárias (primeira divisão administrativa do Brasil, em 1532), do Governo Geral
(que deveria gerenciar as Capitanias, a partir de 1548), e até mesmo a fundação de câmaras municipais (dominadas pelos chamados “homens bons”, únicos que podiam ocupar cargos no governo local) obedeciam à centralização política – toda a estrutura de poder deveria operar em função do rei e com a sua permissão.
A partir daí, um grupo social e profissional específico tomaria conta da burocracia estatal, com o objetivo de dar suporte ao governo, controlando os súditos.
Até mesmo o poder dos grandes senhores de terra do Brasil colonial só podia existir
Os donos do Brasil
1
Realidade