Racionalidade
Quando se trata de factos humanos, a racionalidade e a irracionalidade aparecem, quer ao nível do comportamento dos atores, quer ao nível das explicações que um observador, seja um sociólogo, um psicólogo ou um historiador, propõe. Pode-se mesmo explicar racionalmente aquilo que ao nível do comportamento é tido como irracional.
A aceção da noção de racionalidade que se aplica à ação foi abordada por Max Weber (1921). Weber propõe uma distinção, tornada clássica, entre a "racionalidade por relação a um fim" ou racionalidade teleológica (Zweckrationalität) e a "racionalidade por relação aos valores" (Wertrationalität). Enquanto a primeira se refere à utilização dos meios adequados aos fins em vista, sendo comum na ação económica (os anglo-
-saxões falam de racionalidade utilitária: rational choice), a segunda, que consiste na orientação da ação segundo valores, logo, numa racionalidade axiológica, supõe que o ator age de acordo com a ideia do que é moralmente aceitável (ética de convicção). Assim sendo, as ações orientadas por normas são, tal como as ações teleológicas ou finalistas, suscetíveis de uma interpretação racional. Em A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904-1905), Max Weber defende que o sistema económico capitalista moderno, no mundo ocidental, está ligado ao avanço do racionalismo (à organização racional do trabalho e da produção). Considerando que a racionalidade constitui o aspeto característico da sociedade moderna (na economia, no direito, na ciência, na filosofia, na política, etc.), Weber preocupa-se com a