Questão do Método
Maria Elizabeth Antunes Lima 2
“Não há estrada principal para a ciência e só aqueles que não temem a fadiga da galgar suas escarpas abruptas é que têm a chance de chegar aos seus cimos luminosos”. (K. Marx – Prefácio à Segunda Edição Francesa de “O Capital”)
Introdução
No meio acadêmico, é amplamente divulgada a idéia da existência (e da necessidade) de um método, previamente concebido, a fim de orientar e, de certa forma, conduzir nossas investigações e diagnósticos dos problemas, além de pautar nossa prática profissional. Neste artigo, pretendemos problematizar esta questão e se decidimos fazê-lo em um espaço necessariamente limitado foi porque a premência do tema, sobretudo, pelos seus impactos decisivos na realidade, nos impôs tal tarefa.
No nosso entender, o teórico que conseguiu avançar mais nessa questão foi J.
Chasin. Antes de mais nada, ele define método como uma “ (...) arrumação operativa, a priori, da subjetividade, consubstanciada por um conjunto normativo de procedimentos, ditos científicos, com os quais o investigador deve levar a cabo o seu trabalho (...)”. Em seguida, acrescenta que “todo método pressupõe um fundamento gnosiológico, ou seja, uma teoria autônoma das faculdades humanas, preliminarmente estabelecida, que sustente ao menos parcialmente a possibilidade do conhecimento, ou então, se envolve e tem por compreensão um modus operandi universal da racionalidade.” (Chasin, J., 1995, p.389)
Após propor essa definição, o autor desenvolveu uma crítica ao tratamento geralmente dado à questão do método, ou seja, a essa tentativa de “fundar o discurso
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- As reflexões expostas neste artigo foram baseadas na palestra proferida no II Encontro das Escolas de
Psicologia de Belo Horizonte, em Outubro de 2001.
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- Professora Adjunta do Departamento de Psicologia da UFMG.
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científico e guiar sua constituição por meio do ordenamento autárquico e independente da