.....A questão do método em psicologia do trabalho
LIMA, Maria Elizabeth Antunes. A questão do método em Psicologia do Trabalho. In: GOULART, Iris Barbosa (org.) Psicologia organizacional e do trabalho: teoria, pesquisa e temas correlatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. p. 123-132.
Não há estrada principal para a ciência e só aqueles que não temem a fadiga da galgar suas escarpas abruptas é que têm a chance de chegar aos seus cimos luminosos. (K. Marx – Prefácio à Segunda Edição Francesa de O Capital)
Introdução
No meio acadêmico, é amplamente divulgada a idéia da existência (e da necessidade) de um método, previamente concebido, a fim de orientar e, de certa forma, conduzir nossas investigações e diagnósticos dos problemas, além de pautar nossa prática profissional. Neste artigo, pretendemos problematizar essa questão e se decidimos fazê-lo em um espaço necessariamente limitado foi porque a premência do tema, sobretudo, pelos seus impactos decisivos na realidade, nos impôs tal tarefa.
No nosso entender, o teórico que conseguiu avançar mais nessa questão foi J. Chasin. Antes de mais nada, ele define método como uma
... arrumação operativa, a priori, da subjetividade, consubstanciada por um conjunto normativo de procedimentos, ditos científicos, com os quais o in-vestigador deve levar a cabo o seu trabalho... Em seguida, acrescenta que todo método pressupõe um fundamento gnosiológico, ou seja, uma teoria autônoma das faculdades humanas, preliminarmente a possibilidade do conhecimento, ou então, se envolve e tem por compreensão um modus operandi universal da racionalidade. (CHASIN, 1995).
Após propor essa definição, o autor desenvolveu uma crítica ao tratamento geralmente dado à questão do método, ou seja, a essa tentativa de fundar o discurso científico e guiar sua constituição por meio do ordenamento autárquico e independente da atividade subjetiva, postulando, em seguida, como atividade científica de rigor, a fundamentação onto-prática do