René Descartes e a Questão do Método Filosófico
Descartes fora educado na filosofia escolástica de seu tempo. Essa já se encontrava em decadência, em crise. Inaugurou nova época na filosofia, vindo a ser o pai da filosofia moderna. Na origem de seu pensamento está a questão do método. Descartes dedicou-se ao estudo da física, da matemática, da medicina e da filosofia. Sentiu-se atraído pelos métodos exatos e seguros dessas ciências, sobretudo da matemática. Quis encontrar um método igualmente seguro para a filosofia, pois estava convencido de que a verdade existe e pode ser atingida pelo homem. Mas é preciso descobrir como. Percebeu que, se a filosofia quiser ser científica, ou seja, universal, necessária e imutável, deverá procurar uma nova base mais sólida, a exemplo da lógica das conclusões matemáticas. A base teológica fora abalada definitivamente.
O ponto de partida cartesiano
O ponto de partida de Descartes é a dúvida metódica e universal. Sentiu-se como quem deve começar tudo a partir de um ponto absolutamente zero. Seu primeiro passo foi questionar as opiniões tradicionais, herdadas da Antiguidade e da Idade Média para, com mente limpa, pensar de uma maneira nova. Reconheceu que os fundamentos da filosofia tradicional estavam abalados até os alicerces. Seria necessário construir novos fundamentos mais sólidos. Para isso seria necessário proceder com toda a prudência e segurança... “como um homem que anda só nas trevas, resolvi ir tão lentamente, e usar de tanta circunspeção em tudo que, embora não avançasse senão muito pouco, evitaria pelo menos cair” (Discurso do método. Lisboa: Sá da Costa. 1956. p. 19-20). Descartes começou por examinar todo o repertório do conhecimento humano: “Nutri-me de letras desde a minha infância, e porque me tinha persuadido que, por meio delas, se pode adquirir um conhecimento claro e seguro de tudo o que é útil à vida, tinha um enorme desejo de as aprender. Mas logo que terminei este ciclo no termo do qual é costume