Psicologia nas Organizações
Psicol. cienc. prof. v.19 n.1 Brasília 1999
Trabalho, tempo e subjetividade: impactos da reestruturação produtiva e o papel da psicologia nas organizações1
Carmem Lígia lochins Grisci
Professora da Escola de Administração/UFRGS. Doutoranda em Psicologia/PUCRS
Endereço para correspondência
Esta pesquisa, realizada no setor bancário, trata da experiência do tempo que (des)organiza práticas cotidianas dos sujeitos da reestruturação do trabalho. Considera alguns dos impactos desta reestruturação à subjetividade: desemprego, requalificação e saúde do/a trabalhador/a, bem como a necessidade de um novo tipo de trabalhador/a com peculiares modos de experimentar o tempo. Compreender tais modos significa repensar a produção e a aplicabilidade do conhecimento da Psicologia nas organizações.
Introdução ou o contexto fazendo o texto
Este trabalho refere-se a uma pesquisa que, em conjunto com outras, nasce de uma demanda social constituída a partir de um grupo de profissionais diretamente envolvidos com a construção de um Censo Bancário: Avaliação de Saúde dos Bancários do RS, concluído em 1997. Tal Censo suscitou a necessidade de lançar algumas possibilidades compreensivas a respeito da realidade em que se inserem trabalhadores prestadores de serviços bancários. A pesquisa que se apresenta procura relacionar três categorias de análise - trabalho, tempo e subjetividade - e, embora em andamento, já permite pensar-se acerca dos impactos da reestruturação produtiva e do papel da Psicologia nas organizações, tal é a riqueza dos dados preliminares encontrados até então.
De um lado, então, esta pesquisa toma a própria categoria trabalho que, segundo alguns autores, reivindica um alargamento de seu conceito devido tanto à inclusão de novos sujeitos em cena, quanto à exclusão de outros. Trabalho que interpela tais sujeitos, permeado por antigas ou novas formas de gestão