Prova
No capítulo II do livro ”Peças e engrenagens das ciências sociais", de Jon Elster, é feita uma tentativa de explicar a ação humana através de filtros e mecanismos. O autor concorda com a visão do individualismo metodológico, na qual as instituições e as mudanças sociais são explicadas pela interação entre os indivíduos. Então é pensado um esquema em que filtros ora assumem funções coercitivas ora funções de mecanismos de escolha. O filtro coercitivo é o que delimita o conjunto de oportunidades, e o conjunto de oportunidades é o que pode ser feito pelos indivíduos apesar das coerções legais, físicas, econômicas etc. No filtro ligado aos mecanismos de escolha são determinadas as ações que serão realizadas, essas ações estão dentro do conjunto de oportunidades, resultantes do primeiro filtro. Existem vários mecanismos de escolha, mas o autor argumenta que a escolha racional é a melhor para orientar a sua exposição. E na escolha racional as ações são explicadas pelos desejos e oportunidades. Elster mostra alguns exemplos para que fique mais bem compreendida a perspectiva da escolha racional. Primeiro, o comportamento dos consumidores, o consumidor que vai a uma loja com determinada quantia em dinheiro pode comprar algumas mercadorias, mas o que de fato ele vai levar depende de suas preferências e necessidades. Segundo, o comportamento do criminoso, que depende da certeza de ganhos e da incerteza das perdas. Voltando para o esquema dos filtros, nem sempre as coisas acontecem exatamente como é proposto pelo modelo. Há casos em que as coerções operam com tanta força que os mecanismos de escolha não entram em ação, pois só existe uma ação possível no conjunto de oportunidades. Milionários, assim como pessoas de baixa renda, têm a oportunidade de morar em favelas, mas não o fazem pelo fato de, diferentemente das pessoas de baixa renda, possuírem muitas outras opções de moradia em condições