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Leila se apoia em Raffestin, que afirma ser a rede um instrumento por excelência do poder. Ser instrumento de poder dá as redes do capital a potência de operar e viabilizar mudanças ou fortalecer permanencias. Fazer e desfazer as prisões do espaço tornado território, liberando e aprisionando o espaço. As redes do capital internacional aprisionam, pela sua característica intrínseca, a capacidade dos governos nacionais em organizar e planejar o desenvolvimento dos território de maneira adequada.
Assim, a intensificação da circulação interagindo com as novas formas de organização da produção imprime simultaneamente ordem e desordem numa perspectiva geográfica. Em uma escala planetária ou nacional, as redes são portadoras de ordem – através delas as grandes corporações se articulam, reduzindo o tempo de circulação em todas as escalas nas quais elas operam. Plantas industriais globais e articuladas mundialmente, de forma a extrair o melhor de cada porção do território.
O ponto crucial é a busca de um ritmo, de um fluxo, mundial ou nacional, beneficiando-se de escalas gerais de produtividade, de circulação e de trocas. É o fluxo tornado mais importante que o fixo. A força e a inteligência da logística posta a prova.
Já na escala local, estas mesmas redes e fluxos são muitas vezes portadoras de desordem – já que operam numa velocidade sem precedentes, se utilizam e se apropriam de parcelas do território sem levar em consideração os tempos e as lógicas de configuração do espaço local, e podem com isso engendrar processos de exclusão social, marginalizar centros urbanos inteiros, retirando deles sua força derivada dos laços de proximidade geográfica.