prefácio
1 - O desaparecimento deste Mapa e as especulações daí geradas acerca do seu verdadeiro conteúdo continuam hoje sendo uns quebra-cabeças, pois muitas coisas se explicariam se ele pudesse ser confrontado. Foi o Prof. Armando Cortesão, depois de quatro anos de investiga¬ção, que a revelou os seus estudos, num livro escrito em inglês, «The Náutica Chart of 1424», publicado pela Universidade do Coimbra em 1954.
Admite-se que uma cópia da referida carta seja o mapa executado em Veneza, e cujo autor teria sido Zuane Pizigano. [1] Representa o Atlântico Norte, com as costas da Irlanda, do sudoeste de Inglaterra, da França, de Maiorca e da África norte-ocidental, tendo os arquipélagos canário e madeirense ao largo. No centro do Mar Oceano estão representadas duas grandes ilhas rectangulares, Antilia e Satanazes, e dois menores, Saya e Ymana.
A CARTA NÁUTICA DE ZUANNE PIZIGANO
A Carta Náutica de 1424 que muitos autores consideram ter sido mandada executar com elementos de origem portuguesa [2] (os conhecimentos que lhe estiveram na base) foi muito importante para os planos de procurar incessantemente o Cabo, que dobrado, daria acesso ao Indico. Isto independente de a versão de Fra Mauro no seu planisfério insista em posicioná-lo num alongamento exagerado de África para oriente, distorcendo a realidade.
O Planisfério de Fra Mauro
A nós, nos parece, que o mapa de Pizigano teria sido importante para incitar o esclarecimento do que estaria para Ocidente para lá das anti-ilhas (antilias), e por isso potenciador de acções que esclarecessem as explorações do Atlântico. E deve ter mesmo sido isso que aconteceu. Datam de 1424 as tentativas portuguesas de ocupar as Canárias. Diogo Teive que descobriu o grupo ocidental dos Açores (1427) foi o mesmo que avistou a Terra-Nova e deu azo a uma navegação intensíssima para aquelas paragens na demanda do bacalhau. No dizer de J. Cortesão, Portugal tomava assim a consciência do espaço