Política e identidade em Roma Republicana
Política e Identidade em Roma Republicana1.
Norma Musco Mendes
LHIA/PPGHC/IFCS/UFRJ
O momento historiográfico das décadas de 1980 e 1990 foi caracterizado como um tempo de dúvidas, incertezas, crise da inteligibilidade histórica. Neste contexto, podemos destacar as novas tendências da história cultural; o despertar dos historiadores para as questões de identidade e a renovação dos questionamentos epistemológicos sobre as temáticas da identidade narrativa da história. No entanto, talvez o projeto historiográfico mais dinâmico tenha sido a reabilitação da História Política, marcada principalmente pela obra Pour une Histoire Politique, organizada em 1988 por René Rémond.
Em resposta às críticas ao empirismo positivista e à forma narrativa tradicional do discurso histórico político, os artigos da obra acima citada buscam uma renovação dos pressupostos teóricos-metodológicos, dos conceitos, das formas de abordagens e dos métodos da História Política.
A mais comum definição do objeto político é pela referência à obtenção, exercício e prática de poder no seio de um determinado grupo humano. Desta forma, o político está diretamente relacionado com o Estado e com a sociedade global. Portanto, como os outros campos da História, a História Política pode reivindicar uma abordagem globalizante, a qual não se restringe apenas à análise dos comportamentos coletivos e seus efeitos, mas também aos fenômenos relacionados com as transmissões de crenças, normas e valores.
Tornou-se necessário uma redefinição do político em relação aos outros domínios da História: o social, o econômico e o cultural. O político passa a ser entendido, também, como uma construção abstrata, porém como algo concreto e sem fronteiras, pois sua abrangência no âmbito da vida pública e privada depende dos momentos e das contingências enfrentadas pelas realidades sociais.
Defende-se, portanto, a existência de uma dinâmica de interdependência, interseção e complementaridade entre o