Paula Rêgo Maria Paula Figueiroa Rêgo nasceu em Lisboa, em 1935.Depois de frequentar o Colégio St. Julian's, em Carcavelos, onde os professores cedo lhe reconheceram talento para a pintura, partiu para Londres (em 1952). Até 1956 estudou na Slade School of Fine Art. Conhece o pintor Victor Willing (1928-1987), com quem viria a casar em 1959. Entre 1957 e 1962 vive na Ericeira. Numa ida a Londres conhece Jean Dubuffet (1901-1985), referência determinante na sua criação artística, usualmente definida como Arte Bruta. Impõe-se contra o regime político em Salazar Vomitando a Pátria (1960) e Cães Vadios (1965). Ao longo da década de 1960 assina exposições colectivas em Inglaterra e, em 1966, entusiasma a crítica ao expôr, individualmente, na Galeria de Arte Moderna da então Escola de Belas-Artes de Lisboa Na década de 1970, com a falência da empresa familiar, vende a quinta da Ericeira e radica-se em Londres. Torna-se bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer pesquisa sobre contos infantis (1975), figura com onze obras na exposição Arte Portuguesa desde 1910 (1978) e deixará as colagens para voltar à pintura: mais livre e mais directa. Retrata o mundo intimista e infantil, inspirado em dados reais ou imaginários, com figuras de um teatro de crianças de Victor Willing (o macaco, o leão e o urso), interpretando as histórias que Paula inventa. A obra literária de George Orwell motiva-a na pintura do painel Muro dos Proles (1984), de mais de seis metros de comprimento, onde não ficam de fora, ao olhar sobre várias figuras, o paralelismo com as de Hieronymus Bosch. Dá uma viragem radical na sua obra, com a série da menina e do cão. A figura feminina assume claramente a liderança na acção, enquanto o cão é subjugado e acarinhado. A menina faz de mãe, de amiga, de enfermeira e de amante, num jogo de sedução e de dominação que continua em obras posteriores. Tecnicamente as figuras ganham volume, o espaço ganha solidez e autonomia, a perspectiva cenográfica está