Paula Rego
1. A Paula nasceu em Portugal, porque é que aos 17 anos se mudou para Londres?
Quando descobri o meu talento na pintura era muito nova, naquela altura Portugal não era um país dedicado às mulheres, ou seja, as mulheres não tinham quaisquer direitos. Por isso, o meu pai incentivou-me a sair de Portugal e ir para Londres, continuar os meus estudos e ter um bom futuro dedicado à pintura.
2. Conheceu o seu marido em Londres não é? Ele apoiou-a sempre?
Sim, ele era pintor e crítico de arte e tornou-se crítico das minhas obras.
3. Em que sentido a sua infância influenciou as suas obras?
A minha infância foi algo muito medonho e obscuro, sofri muito e tinha muito medo. Ainda hoje, quando me lembro das coisas terríveis que vi e vivi tenho um certo medo e isso fez com que pintasse nos meus quadros figuras medonhas, cores escuras e planos tristes.
4. Também reparei que as mulheres que a Paula desenha e pinta não são figuras belas. Pode explicar a sua caracterização?
Naquela altura, as mulheres não eram bem tratadas e quero, de alguma forma, vingar-me desses tempos. Pinto as mulheres assim para serem como homens, fortes, sem medo, robustas e musculadas.
5. Gosta das suas pinturas?
Sinceramente não. Quando acabo de as pintar não gosto e acho que são uma porcaria mas ao passar dos dias começo a gostar e a pensar que talvez até estejam boas.
6. Tem sempre a preocupação de fazer uma crítica social nos seus quadros?
Todos os meus quadros têm uma preocupação social, algo que chega até ao recetor da tenção dramatúrgica e da cenografia das personagens. Esta dicotomia leva a que o espetador tire conclusões acerca da sociedade em que estamos inseridos.
7. Quais são as etapas do seu trabalho?
A década de 50 está próxima dos códigos de uma representação realista; na década de 60, após o meu contacto com a obra do Buffet o meu trabalho ganhou mais liberdade e