Padrão do gosto (David Hume)
- Do padrão do gosto
A diferença de gosto existe tanto entre pessoas dos mesmos lugares quanto entre pessoas em nações diferentes. Este último caso é marcado por apelidos, como ‘bárbaro’, ao que é diferente à própria cultura, e ocorre em qualquer povo.
Em todas as línguas há termos que implicam censura e outros, elogio. Com certeza, há termos que, para todas as nações, são vistos da mesma forma. Isto é atribuído à influência da simples razão. A palavra virtude, por exemplo, é sempre vista como algo bom, e vicio, como ruim. No entanto, há ações que só são bem interpretadas por praticantes delas próprias, como o Alcorão, com determinadas práticas bem-vistas apenas pelos crentes.
O homem sempre quer procurar um padrão de gosto que confirme seu sentimento e condene o do outro. Mas há diferença entre juízo e sentimento. Sentimento é sempre correto pois depende apenas de quem o tem. Já o juízo, o entendimento, nem sempre está certo, porque diz respeito a fatos reais que são referencias além do indivíduo. A beleza não é uma qualidade das próprias coisas, mas depende de quem as vê e como a contemplam.
Para se saber se algo é realmente bom ou ruim, é necessário a experiência, a sua observação em todos os países e épocas. Há beleza até no que pode ser considerado censurado e defeituoso. Mas além da experimentação, também é necessário escolher lugares e horas apropriadas para julgar a beleza universal, como a perfeita serenidade da mente, a concentração e atenção ao objeto.
É necessário estabelecer sua influencia na beleza particular e na duração de sua admiração. Homero, por exemplo, ainda é admirado por suas obras.
Assim, mesmo com a variedade de gostos, ainda há princípios gerais de censura e aprovação. Algumas formas foram calculadas para agradar ou desagradar, se falham em seu efeito, possuem alguma imperfeição.
Toda criatura possui um estado saudável e um defectivo, só o primeiro pode ser