Os historiadores e a cultura material
Pedro Paulo Funari
Os historiadores e as fontes arqueológicas: as origens
A história surgiu com esse nome entre gregos antigos para pesquisar as origens dos conflitos e contradições de sua época. É assim que iniciam as histórias de Heródoto, posteriormente, reconhecido como o pai da História, contudo, eram investigações sobre as causas do presente, sendo por esta busca que ele se voltou para o passado. É só por uso metafórico que se passou a designar História o estudo do passado.
A história como disciplina acadêmica é herdeira indireta da história dos antigos que era antes de tudo um gênero literário. Heródoto e Tucídides escreviam para serem lidos e apreciados como autores de belas obras. No século XIX a história como disciplina continuava como literária, mas por tradição cristã apresentava cunho moralista e teleológico que distanciava dos modelos originais Greco-romanos.
A história como relato do passado tinha um caráter ético no sentido de que impulsionava os homens a agirem em certa direção. Não era esse o caráter moralista da história que prevalecia ate o século XIX. Era uma moralidade cristã como se a história tivesse começo e fim – a criação do mundo por deus. É neste contexto que surge a história moderna da luta iluminista contra as concepções religiosas do mundo.
A história surge como parte ou consequência da filologia - o estudo da língua. Por séculos a língua culta havia sido o latim e o estudo da sua gramática. Todas as línguas faladas como o português ou o alemão foram submetidas aos conceitos da gramática latina. O latim foi considerado língua sagrada e a própria bíblia que havia sido escrito em hebraico aramaico e grego era consultada apenas em latim até o inicio do protestantismo.
A filologia surgiu como parte do movimento iluminista e racionalista, representando uma mudança de paradigma, ao deslocar a gramática latina do centro do conhecimento. A filologia postulava um estudo objetivo,