Quando Lucien Febvre e Marc Bloch fundaram, em 1929, a revista “Annales d’ histoire économique et sociale”, tinham como objetivo tirar a história da rotina, do seu confinamento em barreiras estritamente disciplinares, vencer os preconceitos, os erros de concepção e de compreensão da história tradicional. Os Annales propuseram então direções inovadoras, voltando-se para o econômico e o social. Através do econômico almejavam promover um domínio quase completamente abandonado pela história tradicional. Já o social os seduzira por seu caráter vago que assim permitiria falar de tudo. Havia clara intenção de romper as divisas que separavam a história das ciências vizinhas, especialmente da sociologia, houve também uma grande aproximação com as ciências sociais. Com os Annales nasce uma Nova História, em grande parte como uma reação à história positivista do século XIX. Esta história que dizia respeito essencialmente à política, história “vista de cima”, a história dos “grandes homens” e dos “grandes acontecimentos”, uma história fatual e narrativa, de questionamento simplificado. História que, como apontou o historiador alemão Leopold Von Ranke em frase bastante conhecida, deveria apresentar os fatos “como eles realmente aconteceram”. Uma história baseada no documento escrito e oficial, tão sacralizado pelos positivistas. Por sua vez, a nova história se interessou por toda a atividade humana, ela não se limita a simples narrativa, preocupa-se com a análise das estruturas e volta-se para a história do homem comum. Ela propõe uma variedade maior de questionamentos e reflexões, é uma história-problema. Ao se preocupar com uma maior variedade de ações humanas também se ocupa de uma maior variedade de evidências. A construção histórica não se restringiria mais apenas ao documento escrito. Como bem assinalou Marc Bloch: “A diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve