Os dois sentimentos da infancia

1. Resumo

Não havia o sentimento da infância na sociedade medieval, entretanto isso não quer dizer que as crianças eram abandonadas ou até mesmo desprezadas. A criança era introduzida na sociedade dos adultos, sem haver distinções destes, a partir do momento que possuía condições de viver sem a ajuda de sua mãe ou ama. A indeterminação da idade abrangia as atividades sociais como jogos e brincadeiras e até às profissões e armas. Não haviam representações coletivas onde as crianças maiores e as menores não possuíam seu lugar, seja desempenhado um papel em uma festa tradicional ou até mesmo servindo como pajens de um cavaleiro. A sobrevivência das crianças era tenaz e ameaçada; logo após a criança superar o período de alto nível de mortalidade, ela era confundida com os adultos.
No século XIV a personalidade e o sentido poético existentes nas crianças eram retratados na arte, em iconografia e na religião. A evolução do retrato da criança terminou por dar a ela um traje especial que a distinguia dos adultos. A especialização do traje das crianças foi uma prova de mudança ocorrida na atitude que as relacionavam.
Surge, então, um novo sentimento da infância: a criança era fonte de distração e relaxamento para um adulto devido sua ingenuidade, graça e também a sua gentileza. Esse sentimento, que pertenceu originariamente às mulheres, pode ser chamado de “paparicação”. A partir desse momento, as pessoas não iriam hesitar para confessar o prazer que sentiam pelas maneiras das crianças pequenas e por “paparica-las”. Esse sentimento provocou muitas reações críticas, onde algumas pessoas rabugentas (moralistas e educadores) consideravam insuportável a atenção que as pessoas davam às crianças. O sentimento de desespero perante a “paparicação” era tão novo quanto o próprio ato. Com isso, começaram a separar crianças de adultos especialmente na mesa, já que a mistura permitiria que as crianças fossem mimadas e se tornassem mal-educadas no futuro.
No fim do século XVII, essa