Os dois sentimentos da infância - Resumo
Na idade média não existia a ideia de infância que temos hoje, as crianças eram tratadas como adultos sem os cuidados aos quais estamos habituados, o que não significa que elas eram negligenciadas. O que se tinha eram crianças que sendo tratadas como adultos, vestiam-se como tal e viviam no ambiente dos adultos. Podemos dizer que não existia o sentimento da infância onde as crianças deveriam ser tratadas como seres frágeis e dependentes de cuidados, até porque era como se elas não fizessem diferença, pois poderiam desaparecer a qualquer momento, visto que o índice de mortalidade infantil era muito grande.
Já a partir do século XIV um novo retrato começa a aparecer: as crianças passam a ter seus trajes próprios. Também nessa época a criança passa a ser fonte de distração e relaxamento para o adulto por sua ingenuidade e graça, o que passamos a chamar de “paparicação”. O jeito e o comportamento dos bebês certamente sempre agradaram as mãe e as amas, mais esse sentimento ficava recolhido, como tantos outros.
Em contrapartida, no século XVI muitos moralistas adquirem certa rejeição ao sentimento de “paparicação” dedicado às crianças. Estes acreditam ser inaceitável dedicar tanto tempo a seres que nem almas possuem e que o excesso de afeto tornaria as crianças insuportáveis e mal educadas.
E é com essa preocupação dos moralistas e educadores da época que no século XVII surge um novo sentimento da infância, onde a criança deve ser educada dentro de padrões rígidos para se desenvolver como ser racional e cristão, ideia disseminada pelos escolásticos que além de discipliná-los, viam nas crianças frágeis criaturas de Deus, necessitadas de cuidado.
Já no século XVIII esses dois sentimentos, o da paparicação e do desenvolvimento disciplinar, mesclam-se com a preocupação do cuidado com a higiene e a saúde física. Havia entre os escolásticos uma preocupação com os doentes, mais se desconhecia os cuidados com os corpos saudáveis. Essa