Estágio supervisionado em serviço social
O SURGIMENTO DO SENTIMENTO DA INFÂNCIA
Marcelo Uchoa
“Sentimento da infância corresponde a uma consciência da particularidade infantil “.
Este texto apresenta as idéias desenvolvidas por Ariès sobre a concepção da infância ao longo dos tempos. Partindo da Idade Média, o autor analisa como a criança era vista pela sociedade medieval que a ignorava enquanto criança e o surgimento e posterior desenvolvimento de certos sentimentos em relação a criança pequena. Ariès aprofunda-se no estudo das sociedades e mostra-nos o surgimento dos mecanismos que conduziram a mudanças de atitude com relação a criança e o posterior surgimento do que pode si chamar de “sentimento da infância”. Na Idade Média esse sentimento não existia. Quando a criança não precisava mais do apoio constante da mãe ou da ama, ela já ingressava na vida adulta, isto é, passava a conviver com os adultos em suas reuniões e festas. Essa infância muito curta fazia com que as crianças ao completarem cinco ou sete anos já ingressasse no mundo dos adultos sem absolutamente nenhuma transição. Ela era considerada um adulto em pequeno tamanho, pois executava as mesmas atividades dos mais velhos. Era como se a criança pequena não existisse. A infância, nesta época, era vista como um estado de transição para a vida adulta. O indivíduo só passava a existir quando podia se misturar e participar da vida adulta. Não se dispensava um tratamento especial para as crianças, o que tornava sua sobrevivência difícil. Segundo Moliére, grande gênio do teatro, contemporâneo daquela época, a criança muito pequena, demasiado frágil ainda para se misturar à vida dos adultos, “não contava”, porque podia desaparecer. A morte de crianças era encarada com naturalidade. “perdi dois filhos pequenos, não sem tristeza, mais sem desespero”, afirmava Montaigne.
Todas as criança, a partir dos sete anos de idade, independente de sua condição social, eram