Onibus 174
O filme documentário Ônibus 174, de José Padilha foi lançado em outubro de 2002, porém seu enredo continua vivo na nossa atualidade. A força que o filme tem se da particularmente na riqueza informativa acerca do caso do ônibus 174 e também na contextualização da vida pregressa do protagonista da tragédia, Sandro do Nascimento. Nos primeiros minutos do filme, o primeiro pensamento que vem na mente é: cadê o atirador de elite que num atira logo e acaba logo com esse marginal?. Entretanto, com o desenrolar da trama, a cena toma outra forma. Percebe-se que Sandro é dono de um perfil pouco agressivo, quieto, e que apenas busca ser reconhecido como ser humano. Teve uma vida normal por pouco tempo, até que presenciou a morte de sua mãe a facadas. Em seguida foi morar na rua, sendo um dos sobreviventes da chacina da Candelária. Passou a roubar para comprar cocaína, e usar cocaína para roubar. Foi internado em instituição própria para menores infratores e posteriormente foi preso. De outro lado, aponta a banalização da violência, onde passamos a assumir como natural este tipo de doença social, nos comportando como se fosse algo normal, esperado e corriqueiro. Se examinarmos o filme sem tomar partido de parte alguma, reconheceríamos fácil a parcela de culpa que o Estado e nós, como sociedade, temos no que diz respeito à violência. É simples entender o porquê da raiva desses cidadãos sem pátria. O estado prontamente cuida para que quem caia em sua custódia, nas instituições correcionais para menores infratores, presídios ou cadeias, seja humilhado, e tratado como lixo, não respeitando os seus direitos e garantias fundamentais. Sandro queria muito ser reconhecido, e acabou conseguindo. O filme demonstra claramente o fenômeno da invisibilidade social. A sociedade nega a ver indivíduos todos os dias. Sandro era um desses, até que ele resolveu impor a sua vontade de aparecer, de ser notado. A situação se inverte, e todo o país que