Nada normal
Ele havia acabado de chegar na sua nova cidade, foi criado no interior do país, e foi se fazer formado no exterior e veio exercer a profissão numa metrópole, de volta ao Brasil…
Porém seu comportamento quase sempre soturno, havia afastado de si companhias e festas, durante toda a sua adolescência, fazendo dele um homem – jovem, que com apenas 28 anos havia conquistado tudo, bem, quero dizer, quase tudo! Ele nunca fora beijado, exceto um beijo que dera ainda na sétima série, percebe-se logo que nunca havia tido qualquer relacionamento, tão pouco vivenciado alguma intimidade que passasse de um simples beijo.
Antes que pensem qualquer coisa a seu respeito, ele era homem sim! Sentia enorme e exclusivamente atração por mulheres, até se apaixonou, amou de fato, porém a não correspondência de tais sentimentos fez dele um cara introspecto, medroso e tímido demais, para se arriscar a amar novamente, ele considerava a falta da recíproca com relação a sentimentos, uma afronta. (mal sabia ele que isso era comum).
Pois bem, decidiu então ser alguém, ainda na cidade pequena estudou, e se destacou, enquanto todos os colegas iam a festas e beijava aos montes ele se fechava na sua “insignificância” e traçava seu plano para o futuro. Foi para fora do país e se formou, lá fora não foi diferente, enquanto todos curtiam de modo descompromissado, condizente com a juventude, ele se empenhava cada vez mais para se dar bem fugindo do estereótipo. No dia da entrega do diploma, a professora sussurrou em seu ouvido: “Seria desnecessário te desejar sucesso. Seria como dizer que no inverno vai mesmo esfriar, está mais do que óbvio”.
Bom, e foi assim, com a profecia de sucesso, que ele alcançou tudo que traçou pra si, estava tão ocupado com seu futuro, que nunca mais parou pra pensar se dentro de si ainda batia um coração capaz de amar, pensou até em nunca mais ligar pra essas coisas, e ser simplesmente sozinho, mas igualmente feliz. Era chegado à hora de colher os