Mulheres negras
A colônia produziu muito mais que cativos, fez heroínas, para não gerar escravos matavam os filhos.
Não fomos vencidas pela anulação social, sobrevivemos a ausência na novela e no comercial. O sistema pode ate me transformar em empregada, mas não pode me fazer raciocinar como criada.
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo, as negras duelam para vencer o machismo, preconceito e racismo. Lutam para reverter o processo de aniquilação que encarcera afrodescendentes em cubículos na prisão.
Não, não existe a Lei Maria da Penha que nos proteja da violência de se submeter aos cargos de limpeza. De ler nos banheiros de faculdades (?): ‘Fora macacos cotistas!’
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão, mas na lei dos justos sou a personificação da determinação.
Navios negreiros e apelidos dados por escravizador falharam na missão de me dar o complexo de inferior.
Não sou a subalterna que o senhor crer que construiu, meu lugar não é nos calvários do Brasil.
E se um dia eu tiver que me alistar pro tráfico do morro é porque a Lei Áurea não trata de um texto morto.
Não, não precisa se esconder segurança, eu seu que você esta me seguindo pela minha feição, minha trança. Eu sei que no seu curso de protetor de 9º (?) te ensinaram que as negras saem com produtos embaixo da saia.
Não quero um pote de manteiga ou de shampoo, quero freiar o maquinário que me dá (?). Fazer meu povo entender que é inadmissível se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino.
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas, as mães solteiras, detentas e diaristas. O aço das novas correntes não aprisiona a minha mente, não me compra e não me faz mostrar os dentes.
Mulher negra não se acostume com o termo depreciativo não. Não é melhor ter cabelo liso e nariz fino, nossos traços faciais são como letras de documentos que mantem vivo o maior crime de todos os tempos.
Fiquem de pé pelos que