Identidade Mulheres Negras
Reflexões sobre identidade e resistência Nos estudos sobre gênero uma das tendências atuais mais promissoras indica que devemos pensar o feminino não como uma essência natural, mas como sendo constituído em consonância com uma estrutura que só pode ser compreendida se for contextualizada e se forem consideradas outras categorias classificatórias como classe, raça e etnia.
Segundo Judith Butler (2003: 20) “... se tornou impossível separar a noção de “gênero” das intersecções políticas e culturais em que invariavelmente ela é produzida e mantida”.
Em razão disso, uma das maneiras de compreendermos a situação da mulher negra no Brasil é nos orientarmos através dos indicadores que apontam para a sua condição socioeconômica e ocupacional.
A observação da existência de desigualdade racial no mercado de trabalho pode ser comprovada através de dados do DIEESE, entre outros órgãos de pesquisa. Como já é mais do que sabido, os efeitos do preconceito no mercado de trabalho penalizam indivíduos negros que, em consequência, recebem rendimentos inferiores aos dos brancos.
Quando estudamos a relação gênero e raça, percebemos que o homem negro ocupa um patamar abaixo do da mulher branca quanto ao rendimento salarial. Mas as mulheres negras se encontram ainda mais abaixo na pirâmide ocupacional: recebem os menores salários mesmo que em muitos casos ocupem a chefia de sua família:
População Negra no Mercado de Trabalho – Diferenças Salariais -1998
Regiões
Metropolitanas
Homem Branco (R$)
Homem Negro (R$)
Mulher Branca (R$)
Mulher Negra (R$)
São Paulo
1.188,00
601,00
750,00
399,00
Salvador
1.051,00 498,00
647,00
297,00
Recife
739,00 427,00
462,00
272,00
Distrito Federal
1.306,00
898,00
923,00
614,00
Belo Horizonte 883,00 670,00
548,00
319,00
Porto Alegre 715,00 472,00
504,00
334,00
Fonte: DIEESE/SEADE e entidades regionais. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.
A partir da tabela acima se pode concluir que