“Nem tia nastácia nem globeleza... vamos levar as mulheres negras para a sala?”
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RESENHA“NEM TIA NASTÁCIA NEM GLOBELEZA... VAMOS LEVAR AS MULHERES
NEGRAS PARA A SALA?”
Marina Pereira de Almeida Mello*
OLIVEIRA,
Eliana
de.
Mulher
Negra
e
Professora
Universitária: trajetória, conflitos e identidade. Brasília:
Líber Livro Editora, 2006.
.
É evidente que as relações de poder estão, para além dos aspectos
econômicos
relacionados
à
produção
e
distribuição de riqueza e de renda, inextricavelmente ligadas às questões de identidade e visibilidade que os diversos grupos mobilizam na luta por representação.
Nesse sentido, o lugar social e ideológico que tem sido ocupado pelas mulheres negras corrobora e perpetua as situações históricas de menosprezo e desprezo fundadas na manutenção do status-quo e, consequentemente, de identidades subalternizadas.
A despeito de recentes e tímidas transformações, a televisão -que é um poderoso instrumento de propagação de idéias, ideais, conceitos e preconceitos- tem celebrizado imagens de mulheres negras que não rompem nem questionam os estereótipos da mulher negra para “cama e mesa”. Ao contrário, tem se naturalizado a imagem de tais mulheres transitando “confortavelmente” nos ambientes domésticos e/ou associadas a um imaginário que enfatiza uma sensualidade quase que congênita.
A situação se torna particularmente perversa na medida em que, ocupando o lugar mais baixo da estrutura social, falta à grande maioria das mulheres negras condições mínimas para enfrentar esse cenário, em que o caminho mais eficaz ainda é o da educação; educação em um sentido lato: que não apenas forma, mas sobretudo
* Doutora em Antropologia Social (FFLCH/USP), Mestre em História Econômica (FFLCH/USP) e licenciada em História (FFLCH/USP). Ministra as disciplinas: Antropologia e Educação e História da Infância e
Multiculturalismo na FMC/SP - email: marinamello2000@yahoo.com.br
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transforma por meio da conscientização que dá coragem e alento para o enfrentamento
de