mulheres negras
por CELIA REGINA | fotos RAFAEL CUSATO
Em época de crise mundial, elas estão na contramão da história. Suas histórias de vida têm em comum a personalidade, a persistência e a preparação, conjugadas em luta e resistência. Mulheres que fazem acontecer. São exemplos notáveis de mulheres negras executivas, jornalistas, cientistas, atletas, pesquisadoras, DJs, que mostram com garra sua capacidade de criação, de inventividade, de compromisso e seriedade com a produção do conhecimento, com o esporte, com a produção de informações, de música e de poesia. Sim, somos capazes. Basta termos a oportunidade
Única não adianta
Alegre e bem-humorada, ela foge do estereótipo do cientista carrancudo e ranzinza. Essa disposição de espírito parece ter ajudado Sônia Guimarães a ultrapassar sólidas barreiras para se tornar a primeira negra brasileira Doutora em Física, título adquirido pela Th e University Of Manchester Institute Of Science And Technology, e respeitada professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Primeira pessoa da família a cursar a universidade, Sônia teve total apoio, sobretudo, da mãe, já que o pai implicava com o fato de ela ir estudar longe de casa, em São Carlos, interior de São Paulo. A sólida formação adquirida em várias especializações não impede que, ao participar de congressos nacionais como única profissional negra, perceba "que ninguém acredita no meu currículo, de primeira mão, eles esperam que eu vá trabalhar no congresso e não apresentar um trabalho de pesquisa."
Sobre a superação das dificuldades encontradas no mercado de trabalho pelas mulheres negras, acredita que é preciso estudo e dedicação: "elas têm que estudar, se especializar, se tornar altamente qualificadas, pois por serem negras, tudo será muito difícil, portanto, têm que ser as melhores." O investimento em formação pode incentivar a participação das mulheres em variados espaços de poder. "Necessitamos de mais mulheres negras escolhendo, fazendo a