mostro
Poema constituído por três estrofes,seguidas de refrão.Irregularidade métrica.
No refrão”El Rei D.João Segundo”há uma ressonância conseguida pelos sons nasais “ão” e ”un”,que remetem para a força e vontade indomável do Príncipe Perfeito.Ao longo do poema a musicalidade é dada ainda por outros sons nasais”quem” e fechados”ô” “ê”
De notar o uso cabalístico do número três e seus múltiplos:3 estrofes,com 9 versos cada e refrão de seis sílabas métricas.
-No poema opõe-se a decisão do marinheiro português(instrumento heróico da vontade do Rei)à indignação do ser medonho,que sai das profundezas.Isto leva-nos a encontrar uma certa intertextualidade entre Pessoa e Camões.Este mostrengo tem a ver com o gigante Adamoastor do Canto V de Os Lusíadas.
O episódio em Camões tem duas partes:uma profética e outra lírica,enquanto que este poema da Mensagem é marcadamente épico,na medida em que nos mostra um marinheiro português interpelado pelo monstro ameaçador e voador ,que começa por tremer ,para acabar por mostrar a determinação de um Rei e de um Povo decididos a seguir a descoberta do Mundo.
-A leitura do poema começa por nos passar uma sensação de mau presságio e vai num crescendo até ao tom épico final:
De notar:-uma relação eu/tu (mostrengo/marinheiro) de quase agressividade;
-abundância de formas verbais que sugerem movimento “ergueu”,”voou”,”tremer”,”rodou”.
-sensações visuais que carregam o ambiente tenebroso:”noite de breu”, “tetos negros”,”trevas do fim do mundo”.
-sensações auditivas que,acrescidas às visuais,acentuam o caráter horrível do quadro “voou três vezes a CHIAR”,”as quilhas que OUÇO”.
-localização espácio temporal “à roda da nau”,”no fim do mar”, “nas minhas caverna que não desvendo /Meus tetos negros do fim do mundo”,”mar sem fundo”.
-os movimentos circulares,ameaçadores “à roda da nau voou três vezes”,”rodou três vezes”..--A nível morfossintático é de salientar:
-Verbos que sugerem movimento