modernidade brasileira
O presente artigo trata do problema da modernidade no Brasil a partir de uma análise crítica de duas das principais abordagens do pensamento social brasileiro, a saber, a sociologia da dependência e a sociologia da herança patriarcal-patrimonial. O autor parte em defesa de um referencial conceitual ampliado, capaz de apreender variações nos três pilares da sociabilidade moderna, quais sejam, a diferenciação social, a secularização, e a separação público/privado. Trata-se, em última instância, de preparar o terreno para lidar com a constituição da sociabilidade moderna como um processo contingente, que resulta do enfrentamento entre projetos, interesses e concepções de mundo díspares, em luta pelo controle do ordenamento do social.
Comentários finais
A idéia de modernidade entendida como um tipo de sociabilidade multifacetada, constituída ao longo de disputas contingentes entre projetos, interesses e visões de mundo num contexto crescentemente globalizado, ajuda-nos a encontrar uma possível alternativa para o dilema que há muito intriga duas das principais abordagens no interior do pensamento social brasileiro. Em vez de reduzir as diversas configurações políticas, econômicas, institucionais e sociais experienciadas ao longo da recente história brasileira a um supostamente único tipo de configuração moderna (pré-determinado por tendências culturais e/ou econômicas), abre-se caminho alternativo para que se considere como as disputas que se desenrolaram entre nós vieram a se traduzir em padrões variados de diferenciação/complexificação social, de secularização e de separação público/privado no decorrer de nossa história. Acima de tudo, procurei mostrar que lidar com o Brasil contemporâneo como um exemplo de "semimodernidade", de "modernidade periférica", ou ainda como um "caso singular de modernidade" (termos que trazem em si a imagem de "desvio") implica reforçar imagens congeladas e "essencializantes" não só da própria experiência brasileira, como