A “nova questão social” brasileira: ou como as figuras de nosso atraso viraram o símbolo de nossa modernidade.
O presente trabalho tem como objetivo discutir os deslocamentos de sentido e lugar da questão social no cenário público nacional. Por esse motivo, se apresenta dividido em subtítulos para melhor compreensão dos temas desenvolvidos.
I. Pobreza
No texto apresentado a autora Telles (1999) nos mostra a face de uma sociedade que se industrializou e se urbanizou a duras penas, assim se tornando moderna, gerando novas classes e grupos sociais, novos padrões de mobilidade e de conflito social. Deixando para trás o Brasil patriarcal, criando novos comportamentos e atores sociais, assim exigindo a sua autonomia perante o Estado. Sociedade esta que no fim da década de 80 clamava pela igualdade social. A pobreza é a representação do atraso, porém inevitável em uma sociedade que tem o capitalismo excludente imperando. O país que tem o slogan do “país do futuro” se envergonha por não conseguir incorporar os desempregados e excluídos na trama do progresso contemporâneo, essa parte da população se tornou dispensável por não conseguir acompanhar a modernização globalizada.
A sociedade brasileira por muitos anos conservadora e autoritária obstruiu a dinâmica igualitária própria das sociedades modernas. Os governos que sucederam o período da ditadura tinham em seus discursos uma abordagem diferenciada às questões sociais, porém a desigualdade social sempre foi sombra nos avanços na história brasileira.
Infelizmente a Constituição de 88 ao mesmo tempo em que promete a igualdade, legitima as desigualdades. Ao invés garantir e universalizar os direitos destitui os indivíduos de sua cidadania, por não ter seus artigos respeitados e viabilizados.
Telles (1999) no seu texto nos elucida que a naturalização da pobreza em nosso país se legitimou, pois os programas sociais sempre estiveram na esfera da benemerência. E apesar dos esforços de varias camadas da sociedade para mudar tal situação: a pobreza se neutralizou e