EXISTE UMA MODERNIDADE BRASILEIRA? Reflexões em torno de um dilema sociológico brasileiro

1215 palavras 5 páginas
FICHAMENTO DO ARTIGO
1) Pretende-se refletir em torno do tema da “Modernidade no Brasil” a partir de uma consideração crítica de duas das principais abordagens do pensamento social brasileiro, a saber, a Sociologia da Dependência (cujas figuras nodais são Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni) e a Sociologia da Herança Patriarcal-Patrimonial (cujos elementos mais influentes são Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro e Roberto da Matta).
2) O padrão de sociabilidade moderno está estruturado em torno de três pilares fundamentais: Diferenciação / Complexificação Social; Secularização; Separação entre Público e Privado.
3) A fim de apontar caminhos para a superação de certas limitações embutidas em nossa Sociologia da Dependência e em nossa Sociologia da Herança Patriarcal-Patrimonial, (...), que induzem empreendimentos interpretativos a, por um lado, negligenciar variações de sociabilidade experimentadas pelas próprias “Sociedades Modernas Centrais” e, por outro, a atribuir a imagem de incompletude, imperfeição ou ainda distorção à experiência brasileira moderna.

À SOMBRA DA INAUTENTICIDADE
Sob o rótulo de “sociologia brasileira da inautenticidade”, Souza (2000) procurou avaliar como o conjunto da produção intelectual de Freyre, Holanda, Faoro e Matta mostra-se incapaz de pensar o Brasil contemporâneo como um exemplo acabado de modernidade. Ao superenfatizar nossa pretensa herança luso-ibérica, esses autores teriam atribuído demasiada importância a traços de sociabilidade pré-modernos – mais especificamente, personalismo e patrimonialismo –, como se fossem eles ainda determinantes da suposta peculiaridade brasileira. Daí a sombra de inautenticidade projetada sobre a imagem que eles constroem do Brasil contemporâneo: uma vez em débito com a cultura e o padrão portugueses de sociabilidade, não seríamos plena e autenticamente modernos. Para Souza, tal linha interpretativa mostrou-se presa fácil de

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