arquitetura
Boa parte das contribuições apresentadas no Seminário Internacional sobre Sociologia e Esperança remeteram à relevância do tempo – histórico, social, biográfico – para a compreensão dos vínculos da sociologia com a esperança. Partindo, com Henri Lefebvre (2000, p.114, 136), do reconhecimento de que o tempo é indissociável do espaço – "o tempo se inscreve no espaço" e "toda realidade no espaço se expõe e explica por uma gênese no tempo"1 –, viso problematizar a relação da sociologia com a esperança a partir justamente dos vínculos espaçotemporais que a disciplina nutre com esse sentimento humano particular que é a esperança, "estado de espírito" que acompanha a fé, a "certeza do incerto" (Fromm, 1979, p.27-8).
Considero que o espaço constitui "um conjunto de relações entre as coisas (objetos e produtos)" socialmente produzidas que interferem na produção da vida em sentido amplo (Lefebvre, 2000, p.100, xx). Mediação, o espaço não existe "em si", mas remete ao tempo, outra mediação, embora essa relação se proponha de modos socialmente diversos (Lefebvre, 2001, p.259). Por sua vez, pensamento sociológico alude ao rol de conceituações sobre a vida social publicizadas como "sociológicas" por seus autores ou terceiros que a elas recorrem em contextos acadêmicos diversos. O seu "ponto de referência" é específico: a "teia de interações e de relações sociais" em que se inserem as atividades ou comportamentos de cunho social que o sociólogo visa descrever sociologicamente (Fernandes, 1970, p.20-1).
Ora, ao mobilizarem conceituações sociológicas para interpretar os vínculos sociais entre os seres humanos e desses com o mundo material, também os sociólogos contribuem para a produção de espaço-tempo. De fato, pela linguagem eles produzem "lugares" histórica e socialmente específicos, "espaço-tempo locais" a que corresponde um uso do espaço, "prática espacial" produtora de espaço e que palavras como "lugar" dizem e compõem