Metabolismo do ferro
DE HEMATOLOGIA
E HEMOTERAPIA
Revisão / Review
Fisiologia e metabolismo do ferro
Iron physiology and metabolism
Helena Z. W. Grotto
O conhecimento sobre a fisiologia e metabolismo do ferro foi bastante incrementado nos últimos anos. A identificação de alguns genes e as repercussões quando de suas mutações, principalmente as relacionadas ao acúmulo de ferro, auxiliaram no entendimento dos mecanismos regulatórios responsáveis pela manutenção da homeostase desse nutriente essencial para numerosos processos bioquímicos. A função de diversas moléculas já está bem estabelecida, como da transferrina e seu receptor e, nas últimas décadas, novas moléculas têm sido identificadas, como a ferroportina, o transportador de metal divalente e hemojuvelina. Um elegante mecanismo de controle mantém o equilíbrio entre os processos de absorção do ferro, reciclagem, mobilização, utilização e estoque. Alterações no sincronismo desses processos podem causar tanto a deficiência como a sobrecarga de ferro, ambos com importantes repercussões clínicas para o paciente. Nessa minirrevisão serão abordados aspectos relacionados ao metabolismo do ferro e à participação de várias proteínas e mediadores envolvidos. Serão também apresentados os mecanismos regulatórios celular e sistêmico responsáveis pela disponibilidade do ferro em concentrações ideais para a manutenção de sua homeostase.
Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl. 2):8-17.
Palavras-chave: Metabolismo do ferro; anemia ferropriva; sobrecarga de ferro; hepcidina; homeostase do ferro.
Metabolismo do ferro
sobre proteínas, lípides e DNA causa graves lesões celulares e teciduais.1,2
O heme é constituído por um anel tetrapirrólico com um íon central de ferro (Figura 1). Parte de sua síntese ocorre nas mitocôndrias e parte no citosol. Diversas enzimas estão envolvidas na formação do heme, conforme esquematizado na
Figura 2. Tem como primeiro estágio a formação do ácido