Metabolismo do ferro
Anemia de Doença Crônica
Rodolfo D. Cançado1
Carlos S. Chiattone2
Anemia de Doença Crônica (ADC) é usualmente definida como a anemia que ocorre em distúrbios infecciosos crônicos, inflamatórios ou doenças neoplásicas, e é uma das síndromes clínicas mais comuns na prática clínica. Caracteristicamente, ADC corresponde à anemia normocrômica/normocítica, leve a moderada, e caracteriza-se por hipoferremia na presença de estoques adequados de ferro.
Os três principais mecanismos patológicos envolvidos na ADC são: diminuição da sobrevida da hemácia, falha da medula óssea em aumentar a produção de glóbulos vermelhos para compensar o aumento da sua demanda, e distúrbio da mobilização do ferro de depósito do sistema mononuclear fagocitário. O papel central dos monócitos e dos macrófagos e o aumento da produção de citocinas mediadoras da resposta imune ou inflamatória, tais como: TNF a, INF g e IL-1 estão implicados nos três processos envolvidos no desenvolvimento da ADC.
O propósito desse artigo é revisar os recentes avanços no entendimento dos aspectos patofisiológico, diagnóstico e terapêutico desta síndrome.
Palavras-chave: Anemia de doença crônica, citocinas, fator de necrose tumoral, inteleucina, interferon
Definição e Terminologia
Anemia de Doença Crônica é uma síndrome clínica que se caracteriza pelo desenvolvimento de anemia em pacientes que apresentam doenças infecciosas crônicas, inflamatórias ou neoplásicas (1, 2, 3). Essa síndrome tem como aspecto peculiar a presença de anemia associada à diminuição da concentração do ferro sérico e da capacidade total de ligação do ferro, embora a quantidade do ferro medular seja normal ou aumentada (2, 4).
Por definição, não fazem parte dessa síndrome outras causas de anemia como: perda sangüínea, deficiência de ferro, deficiência de folato e/ou vitamina B12, hemólise, mielofitise, doença renal, doença endócrina e doença