Meninos e meninas em uma sociedade sexista
MELLO, Leila Mara
RESUMO
O presente artigo procura levar a análise e a reflexão dos profissionais de educação assim como de toda a comunidade escolar (responsáveis e pessoal de apoio) à percepção sobre a questão de gênero e a influência das normas sociais falocêntricas no desenvolvimento natural das crianças. A abordagem dessa situação desigualitária entre meninos e meninas emergiu dos brinquedos, das brincadeiras e dos esportes, por considerarmos essas atividades marcas de distinção e de hierarquização entre o sexo masculino e feminino ao longo da história humana. O mundo social programa valores, de modo silencioso e invisível, para que não se reconheça a diferenciação que se faz entre a cultura masculina e feminina. Assim, meninos e meninas convivem com estereótipos de gênero e cumprem os ditames sociais adequados e opressivos, fortemente desiguais, principalmente em relação ao desenvolvimento psicomotor. Esperamos que os profissionais de educação e familiares percebam a concepção dicotômica masculino-feminino e criem novos comportamentos e valores, a fim de auxiliar o desenvolvimento global de toda criança.
1- INTRODUÇÃO
Falar de brinquedos, brincadeiras e esportes em um sentido rígido e isolado não cumpriria nossa proposta de análise, pois segundo FOUCAULT (1994), qualquer abordagem que façamos, precisa estar inserida no contexto das relações sociais ativas, na história e nas condições sociais e políticas do próprio ato discursivo, determinada no tempo e no espaço.
Nessa ótica, Stephen Heatch vai além, pois o autor assinala que "qualquer discurso que, em sua própria enunciação e atitude, deixar de levar em conta o problema da diferença sexual, será dentro de uma ordem patriarcal, precisamente indiferente, a um reflexo do domínio masculino" (apud HUTCHEON,1990, p. 53).
Assim o nosso enfoque textual vai levantar a polêmica do encontro marcado da ambigüidade, do contrário,