Gênero e desempenho escolar
Quantas vezes você já não ouviu, disse ou pensou uma dessas frases: Meninos são bagunceiros, gostam das aulas de Matemática e se dão melhor nos esportes. Meninas são organizadas, se destacam em Língua Portuguesa e Arte, têm mais disciplina, o caderno sempre arrumado e a letra impecável. Esses conceitos, tão comuns em nosso cotidiano, expressam, na verdade, estereótipos sobre masculinidade e feminilidade. São heranças culturais transmitidas pela sociedade (família, amigos, professores), e mesmo sem perceber, podemos estar perdurando esse tipo de conceito como se fosse uma verdade e tratando alunas e alunos de forma diferenciada.
A escola deveria ser o último lugar com esses tipos de pensamentos e palavras, pois é o local onde jovens personalidades estão apenas começando a se formar, e já correm o risco de terem uma conseqüência nefasta: a difusão de preconceitos.
Os professores devem estar preparados, pois muitos alunos continuarão chegando à sala de aula com idéias preestabelecidas: o pai deve ser forte e a mãe, meiga e delicada. A educação trazida de casa promove uma série de valores, mas nem sempre eles apontam para o melhor caminho. Se os professores não romperem com as barreiras erguidas pelos preconceitos e trabalharem meninos e meninas demonstrando seus papéis na sociedade, não haverá oportunidade para que as habilidades individuais apareçam.
Quando se fala em diferenciação entre sexos, não significa que os meninos estejam sempre em vantagem. Eles também são discriminados. Principalmente nas séries iniciais, em que letra bonita e caderno caprichado são sinônimos de bom aluno ou, na opinião de muitos professores, de boa aluna. Em geral, essas características são mais comuns às meninas e os pequenos acabam rotulados de desorganizados. Se tentarem caprichar no caderno, o julgamento pode até piorar. Tudo porque falta aos educadores preparo para enfrentar situações que fogem aos modelos tradicionais.
É preciso que essas situações