Genero
Questão de gênero na escola Kátia Pupo1 Apesar dos inúmeros avanços e transformações pelas quais a sociedade vem passando nas últimas décadas, as relações entre mulheres e homens mantêm uma grande assimetria. Essa diferença se manifesta também no interior da escola. Nos últimos anos, o número de meninas freqüentando a escola cresceu a ponto delas representarem hoje a maioria dos (das) estudantes brasileiros nas séries finais de todo o sistema educacional brasileiro, 57%. Além disso, a permanência na escola é maior também entre as meninas, 6 anos em média, enquanto os meninos estudam em média por 5,6 anos. (Brasil/MEC, 2005). No geral, embora os números da educação brasileira estejam longe do ideal para todos os estudantes, as meninas levam pequena vantagem sobre os meninos, pois iniciam seus estudos antes, abandonam menos a escola e sofrem um menor número de reprovações. Trago essas informações estatísticas para que não pairem dúvidas de que, de certo modo, não há uma desigualdade significativa entre meninas e meninos no que diz respeito ao acesso e à permanência no interior das instituições escolares. Onde estaria então a grande assimetria na relação entre os gêneros no interior da escola a que fizemos referência? Vale lembrar que é na sociedade que as características sexuais femininas e masculinas são construídas e representadas, portanto, ao chegarem à escola, meninas e meninos já percorreram um caminho social de convivência e
1
Coordenadora do Ensino Médio do Colégio Miguel de Cervantes (São Paulo).
1
incorporação dos valores de sua cultura. Sabem a que gênero pertencem e, na maioria das vezes, o que se espera deles nos papéis feminino e masculino. Em muitos casos, estão impregnados das velhas concepções preconceituosas sobre o homem e a mulher, construídas com base nas diferenças de sexo. A escola, por sua vez, reflete o sexismo que trespassa toda a sociedade, reproduzindo,