Marxismo no Brasil
O marxismo aportou tardiamente no Brasil. Seja como teoria ou prática política, desembarca efetivamente apenas em 1922, com a fundação do Partido Comunista, um acontecimento que deve ser creditado mais ao impacto da Revolução Russa de 1917 no país. A conjuntura nacional e internacional no início da década de 1930 fortaleceu o PCB, um pouco à revelia de sua estratégia na crise de 1929 e na Revolução de 30. Uma contraprova disso foi a adesão ao partido de importantes quadros do tenentismo, da intelectualidade burguesa e do modernismo artístico, dentre os quais se sobressaem os nomes de Luiz Carlos Prestes, Caio Prado Jr. e Oswald de Andrade. Com o término da Segunda Guerra, devido a sua resistência e luta contra o Estado Novo, mas também graças à vitória da União Soviética sobre o nazismo, inicia-se a era áurea do PCB que se estende até 1964. Nesse período, sua influência favoreceu a disseminação do marxismo em amplos setores da vida política, intelectual e cultural do país.
Desenvolvimento
A instância partidária mantém sua oscilação entre as demandas da classe operária e os ritmos ditados pelo movimento comunista internacional. Por um lado, arrefece seu ímpeto insurrecional, seja por conta de sua bem sucedida performance eleitoral no breve intervalo da legalidade, seja repercutindo a integração social do proletariado nos anos do nacional-desenvolvimentismo. Por outro lado, adota um comportamento errático – apóia Getúlio no estertor do seu período ditatorial, engajando-se na fracassada campanha do “queremismo”, mas opõe-se radicalmente ao seu segundo governo (1950-1954), mesmo quando este adota uma inflexão popular e nacionalista –, equívocos que só foram reconhecidos como tais na “Declaração sobre a política do PCB”, de março de 1958, quando finalmente, em sintonia com sua prática cotidiana, adota um programa político antiimperialista, democrático e nacional, no esquadro de uma “revolução burguesa”. Afora o descompasso entre o paulatino